sexta-feira, 27 de abril de 2012

Análise Sociológica - TIC Empresas

1. INTRODUÇÃO




Há trinta anos, Toffler (1980) lançou a ideia de que estaríamos presenciando uma nova revolução econômica. [1]
A primeira revolução foi a agrária e a segunda  foi a revolução industrial. A terceira revolução está ocorrendo devido ao surgimento e avanço de novas tecnologias de informação e comunicação.
Tais revoluções não acarretam somente o avanço das tecnologias, São responsáveis também por modificações na sociedade para que haja a uma adequação a nova realidade.
As TIC (tecnologias de informação e comunicação) têm sido frequentemente utilizadas por empresas. Alguns ramos com menor intensidade, como indústria, e em outros com maior intensidade, como o ramo imobiliário. Porém, o objetivo é quase sempre o mesmo: facilitar, aprimorar ou otimizar o tempo de processos rotineiros de produção.
Nosso principal objetivo é tentar relacionar os resultados obtidos através da pesquisa TIC Empresas com as ideias de Karl Marx.
 As principais ideias que serão abordadas são: a força de trabalho, a divisão do trabalho social, a mais-valia relativa, forças produtivas e propriedade privada.

 2. USO DO COMPUTADOR E INTERNET ENTRE AS EMPRESAS






Na ultima década, ficou evidente a adoção cada vez maior de novas tecnologias de informação e comunicação pelas empresas não só brasileiras, mas também no resto do globo, tornando-se uma tendência mundial. Nesse escopo, a TIC age principalmente na eliminação das barreiras que são impostas pela distância e tempo das atividades empresariais. De forma rápida, a mudança  se acelerou por todas as áreas do negócio e da tecnologia. As distinções entre computador e comunicação desapareceram mudando radicalmente o mundo empresarial. O computador tornou-se objeto de TIC indispensável em uma organização [2].
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Uma pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil – “TIC Domicílio e Empresas 2010: Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil” (Figura 1) - divulgou que no ano de 2010, 97% das empresas monitoradas pela pesquisa declaram utilizar computadores, sendo que nas empresas de grande porte (50 funcionários ou mais) esse índice é de 100%. A mesma pesquisa também aponta que nesse mesmo ano, 89% das empresas brasileiras utilizaram a internet para interagir com instituições governamentais nos doze meses anteriores à pesquisa.

Figura 1. Proporção de empresas que usam
computadores, por porte

Podemos notar à partir desses dados, indícios de uma forte universalização do computador e da Internet nas empresas brasileiras, confirmando que tais recursos são cada vez mais indispensáveis para essas empresas.
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  Outro dado interessante disponibilizado pelo CGB, está relacionada com a adoção de websites por essas empresas (Figura 2). Em 2007, 46% das organizações monitoradas possuem um domínio próprio na internet, passando para 56% no ano de 2010. O mesmo aumento ocorre quando analisamos somente as empresas de grande porte: a porcentagem de empresas subiu de 80% para 90% nesse mesmo período. Ou seja, em ambos casos temos um aumento significativo de 10% e mesmo nas empresas “grandes” que já possuíam uma proporção alta, esse valor subiu ainda mais.



Gráfico 2. Proporção de empresas usando a internet
 segundo o tipo de atividade

Segundo a CGB, “A incorporação de transações eletrônicas nos processos organizacionais, assim como o uso de outros recursos tecnológicos, pode revelar maior nível de integração de uma dada organização em sua cadeia de valor com impacto na competitividade das  empresas e de todo o sistema produtivo.” [3]
            Os exemplos apresentados sobre o uso de computadores, internet e websites pelas empresas brasileiras são apenas alguns de uma vasta variedade de outras tecnologias que vem sendo adotadas. A competitividade é a palavra-chave que representa todo essa busca por novas tecnologia da informação e comunicação. Com o advento das TIC, o mundo empresarial ficou muito mais rápido, dinâmico e interligado. Facilitando transações, troca de informações entre as organizações, reduzindo o tempo de trabalho necessário para exercer tais atividades, porém aumento da força produtiva – que é resultante da combinação da força de trabalho humana com os meios de produção, "isto é, instrumentos e objetos de trabalho, tais como tecnologia, incluindo infraestrutura, ferramentas, máquinas, técnicas, materiais, conhecimento técnico, e terra e os demais recursos naturais". [4]
            Analisando esse fenômeno sob a ótica marxista, podemos afirmar que o capitalista teria a tecnologia como caminho para aumentar a produtividade no processo produtivo e essa forma de reduzir o tempo de trabalho nas atividades seria uma forma de se extrair a chamada mais-valia relativa, o quantum de valor que é gerado pelo trabalho do trabalhador além do valor referente ao seu sustento e reprodução.[5]
            A tecnologia encurta o tempo de trabalho, mas o capitalista não diminui a jornada de trabalho, a mantém. A tecnologia facilita o trabalho enquanto o capitalista o intensifica. A cada nova inovação tecnológica têm-se uma vitória do homem sobre as forças da natureza, mas é o homem que trabalha para os detentores dos meio de produção que é submetido a mais trabalho, aumentando a riqueza do produtor. [6]
            Dessa forma a tecnologia potencializa a produção da mais-valia relativa. O aumento da produtividade que ela proporciona às organizações empresariais desvaloriza diretamente a força de trabalho e indiretamente os preços do produto final (que é também objeto de consumo do trabalhador). Com a diminuição do preço das mercadorias, o capitalista passa a trocar cada vez menos produto por força de trabalho, o que implica que o trabalhador trabalhará um período menor de sua jornada de trabalho para cobrir os custos de sua “sobrevivência”, aumentado assim a parcela de trabalho excedente na produção que será explorado, constituindo a mais-valia do capitalista, em sua forma relativa. [7]

3.    A PROPRIEDADE PRIVADA OU SOFTWARE LIVRE, O USO DA MAIS VALIA COM A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES LIVRES


O uso de computadores em grandes e médias empresas este totalmente disseminado, já é uma realidade a utilização de computadores para diversas funções, quantas destas empresas usam software livres. Com os dados da Pesquisa TIC e a uma interpretação Marxista dos fatos, iremos mostrar alguns fatos que podem mostram influência do crescimento da utilização de softwares livres.

            Software Livre, software de código aberto ou software aberto é qualquer programa de computador cujo código-fonte deve ser disponibilizado para permitir o uso, a cópia, o estudo e a redistribuição. [8] O crescente uso destes softwares é uma diminuição do custo de uma produção e a detenção de saber exatamente o que o programa que as empresas utilizam, podendo futuramente fazer modificações os adequado as suas necessidades específicas. Dados da pesquisa mostram que existe um aumento na utilização do mesmo como visto no gráfico abaixo.
Figura 3 – Proporção de empresas que utilizam sistema operacional de código aberto

Para as grandes e médias empresas, as que mais utilizam os softwares livres, ter um setor específico que cuida da utilização e manutenção e atualização dos softwares utilizados não é um grande gasto, mas para as pequenas empresas, é um grande gasto.

Os dados apontam para um crescimento na utilização dos softwares livres nos últimos anos da pesquisa, ocorrido somente nas médias e pequenas empresas. Onde as empresas de grande porte já mantinham um patamar elevado em relação às médias e pequenas empresas e quase não cresceram.

A importância dos dados apontados mostra a uma busca por uma contenção de despesas por meio desta utilização, tornando-os as empresas de pequeno e médio porte mais competitivas.



     4. A Terceirização como forma de aumento da mais valia






A terceirização é uma prática que visa redução de custo e aumento da qualidade da mão de obra ou serviço determinado. Atualmente, esta técnica vem sendo utilizada em grandes, médias e até mesmo pequenas corporações como forma de concentrar suas atividades nas atividades-fim por meio da contratação de um trabalhador ou serviço que será gerenciado por outra empresa gerando benefícios a empresa contratante como:

-Eliminação da necessidade de se especializar em uma atividade que não é a principal da empresa;
            - Diminuição de custos com a manutenção do trabalhador ou serviço;
            - Foco na melhoria das atividades;


O processo de terceirização vem sendo observado desde o período da manufatura onde, segundo Marx, existe a cooperação baseada na divisão do trabalho. “A manufatura destaca-se como um método que propicia aos donos dos meios de produção extrair mais valor da força de trabalho, na contemporaneidade, a terceirização assume papel similar. A novidade estaria em quem realiza o trabalho coletivo, pois em qualquer um dos métodos de organização do trabalho, os ganhos com a redução de custos e oriundos da intensificação da produtividade nunca foram olvidados." (SANCHES, 2011).[8]

Inicialmente sendo necessária a reunião de todos os funcionários terceirizados sobre uma mesma planta fabril, esse processo foi quebrado no século XX graças a tecnologia e as redes informacionais que permitem o controle a distância de atividades e processos facilitando a comunicação e diminuindo a necessidade de espaços físicos gigantescos para a produção. Segundo a pesquisa TIC Empresas, “97%      das empresas dos mercados de atuação monitorados pela pesquisa, declaram usar computadores          , sendo que nas empresas com 50 funcionários ou mais esse índice é de 100%” (como mostra a figura 2).

            A terceirização descentraliza a classe trabalhadora, posiciona os funcionários distantes um do outro porém sempre subordinados a empresa contratada e a algum funcionário da empresa contratante que monitora os trabalhos a partir de relatórios e outros documentos deixando assim clara a relação de submissão do trabalhador.  Ainda assim, este processo consegue ser similar a manufatura pois com os funcionários “orgânicos” da empresa que ganhavam uma quantia “x” foram substituídos pelos terceirizados que ganham uma quantia “x-y”. [9]

            Segundo Sanchez (2006) “Constitui-se assim um diferencial de caráter político, pois o trabalhador terceirizado não vende mais sua força de trabalho diretamente ao demandante e principal controlador da atividade que realiza. Sua relação de subordinação e conflito é mediada por outro capitalista, o que implica, dentre outros aspectos, em uma maior fragmentação da classe em si e, consequentemente em maiores dificuldades de percepção da classe para si”.


5.   Conclusão
      
           Analisando a parte de empresas da Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comuncação no Brasil: TIC domicílios e TIC empresas 2010 através da ótica de Karl Marx vimos que, apesar de algumas mudanças nas formas de trabalho do´ éculo XIX pas de hoje, muitos aspectos analisados por Marx ainda se mantêm.
        No século XXI, o trabalho estava associado ao artesanato, à agricultura e, depois, com a Revolução Industrial, a manufatura. Atualmente, além das frmas de trabalho presentes no século XIX, também há o trabalho associado à transmissão e tratamento da informação e comunicação, onde encontramos as TIC.
       Conluí-se que mesmo com as mudanças citadas, as teorias de Marx ainda podem ser aplicadas ao sécnulo XXI. As características do Capitalismo descritas por Marx continuam vigentes: acúmulo de riquezas, as relações de trabalho, o aumento das forças produtivas para gerar a mais-valia, etc.

6.   Referências Bibliográficas
[1] Comitê Gestor de Internet. Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação no Brasil: TIC domicílios e TIC empresas 2010. São Paulo.
[2] Tecnologia da Informação [acesso em 23/04/2012]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia_da_informa%C3%A7%C3%A3o
[3] Comitê Gestor de Internet. Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação no Brasil: TIC domicílios e TIC empresas 2010. São Paulo.
[4] Forças Produtivas [acesso em 20/04/2012]. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7as_produtivas
[5]  MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1985a. Vol. I, livro primeiro, tomo 1. (Os Economistas).
[6] [4] MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1985b. Vol. I, livro primeiro, tomo 2. (Os Economistas).
[7] SOUSA, Cidoval Morais de; GOMES, Geovane Ferreira; HAYASHI, Maria Cristina
Piumbato Innocentini. A concepção da tecnologia em O Capital de Marx. In: SIMPÓSIO
NACIONAL DE TECNOLOGIA E SOCIEDADE, 2009, Curitiba.



8]  Software Livre [acesso em 23/04/2012]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Software_livre  - acessado
[9] Sanches, A. T. Terceirização e terceirizados no setor bancário: relações de empredo, condições de trabalho e aão sindical. Dissertação (Mestrado). São Paulo: PUC, 2006.
 [10] Dossiê Terceirização. Revista HSM Management, nº42, jan-fev, 2004

domingo, 15 de abril de 2012

MAX WEBER - Parte 2



                                                     

1- O que é poder e dominação para Weber ?

Para Weber a dominação é a definida como " a probabilidade de encontrar obediência em um determinado mandato [1] ", e que pode encontrar fundamentação em diversos tipos de submissão, seja ela de ordem de interesses, de hábitos cegos (normalmente relacionado a uma tradição) ou na mera inclinação pessoal do súdito (baseada nas relações de afeto). Já o poder é definida como a forma (ou habilidade) de exercer essa dominação que pode estar pautado por diversas formas (relações sociais, dinheiro, influência política, força (seja ela física ou militar).


 2 - Qual a diferença entre dominação legítima para a ilegítima?

A diferença é que a Dominação Legítima se dá através da aceitação e consenso do dominado. Essa dominação pode ter como causa diversos motivos - afeto, mero costume, interesse, etc. - e as bases jurídicas - dominação legal, tradicional e carismática.Já a Dominação Ilegítima ocorre através do autoritarismo, pela imposição e do dominador sobre o dominado.  [2]


3- Podemos encontrar em um dado fenômeno apenas um tipo de dominação ? 

Segundo Weber um fenômeno pode contemplar mais de um tipo das três categorias de dominação: dominação legal, dominação tradicional e dominação carismática. Um exemplo que podemos descrever é a dominação exercida por um Rei. O Rei pode possuir dominio tradicional sobre seus servos, pois o trono real é passado de geração em geração, o reconhecimento de sua legitimidade é antigo, os servos possuem uma “orientação habitual para o conformismo”. Não obstante, seus servos podem considerar o rei a pessoa mais adequada para chefe de Estado, devidos suas qualidades, como liderança por exemplo. Isso constitui uma dominação carismática. Ainda temos a dominação legal, a dominação real também pode estar baseado na constituição de uma nação, as leis legitimizam a vontade do Rei, são regras que determinam em que medida os servos devem obedece-lo.


4- Como Weber define o estado ?

Pra Weber o "Estado é uma comunidade humana que pretende o monopólio do uso legítimo da força física dentro de determinado território"[3] ou seja o estado é o único que pode criar leis de punição e executá-las através da força física.


5-O que é ação social ?

Termo introduzido por Weber  que refere-se a qualquer ação que leva em conta ações ou reações de outros indivíduos e é modificada baseando-se nesses eventos.

Existem quatro tipos de ação social na teoria de Weber :

Max Weber diferenciou alguns tipos de ações sociais:

  • Ações racionais (também conhecidas como racionais por valores, do alemão wertrational): ações tomadas com base nos valores do indivíduo, mas sem pensar nas consequências e muitas vezes sem considerar se os meios escolhidos são apropriados para atingi-lo.
  • Ações instrumentais (também conhecidas como ação por fins, do alemão zweckrational)): ações planejadas e tomadas após avaliado o fim em relação a outros fins, e após a consideração de vários meios (e consequências) para atingi-los. Um exemplo seria a maioria das transações econômicas
  • Ações afetivas (também conhecidas como ações emocionais, do alemão affektual)): ações tomadas devido às emoções do indivíduo, para expressar sentimentos pessoais. Como exemplos, comemorar após a vitória, chorar em um funeral seriam ações emocionais.
  • Ações tradicionais (do alemão traditional) : ações baseadas na tradição enraizada. Um exemplo seria relaxar nos domingos e colocar roupas mais leves. Algumas ações tradicionais podem se tornar um artefato cultural[4][5].

Jamais encontrando-se na realidade em toda a sua pureza; na maior parte dos casos, a ação encontra-se misturada com os outros quatro tipos de ações.




                                                   Referências Bibliográficas


[1] http://www.ufrgs.br/tramse/pead/textos/weber.pdf
[2]http://lyrioamaral.blogspot.com.br/2010/04/resumo-de-sociologia-max-weber.html( acessado em 14/04/2012)
[3]WEBER,Max. Textos selecionados.2.ed.São Paulo:Abril, 1980, p.22 (Coleção Os Pensadores)
[4]QUINTANEIRO, Tania. Um toque de clássicos : Marx, Durkheim e Weber. 2.ed. ver. amp. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p 120 e 121
[5]http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%A3o_social ( acessado em 13/04/2012)

domingo, 8 de abril de 2012


MAX WEBER - Parte 1



1 - Qual a importância de Max weber para as ciências sociais ?


Maximilian Carl Emil Weber ou Max Weber (1864 - 1920)] foi um importante jurista, economista e sociólogo alemão,  suas ideias a respeito da sociedade diferem os autores já mencionados no blog[1]. Para Weber a sociedade não seria algo exterior e superior aos indivíduos, como em Durkheim também nega que o capitalismo explica todas as instituições e ações na sociedade, Algumas partes podem ser explicadas pelo capital porém não o  seu total. O pensamento de Weber vê que a sociedade não como um todo, e sim a ação do indivíduo no social. Para ele, a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais reciprocamente referidas. Por isso, Weber define como objeto da sociologia a ação social. 


2 - Como Weber tratava os julgamentos de valor e o saber empírico?

            Segundo Durkheim, um julgamento de valor é toda e qualquer opinião emitida sobre alguma coisa ou alguém, onde os valores considerados são independentes do sujeito (todos sabem que a bíblia é um livro importantíssimo para os católicos, mesmo sendo um ateu ou pertencente a outras religiões). Já para Weber a ideia de julgamentos de valor está associada a uma causa e um contexto que possuem uma explicação e essa explicação leva em conta os interesses e significados de quem está emitindo o julgamento, de tal forma que esses interesses e significados estejam alinhados com as ideias e valores culturais com que abordamos a realidade, pois dessa forma conseguiríamos abolir o caos de “juízos existenciais” que seriam produzidos a partir de inúmeras percepções particulares.
            Para Weber o saber empírico (saber baseado na formulação das leis a partir da observação) só se enquadra nas “ciências exatas da natureza”, pois quanto mais geral é a lei formulada, maior é o seu grau de importância, porem as ciências que avaliam “as condições concretas dos fenômenos históricos” quanto maior a generalidade das leis, menor o seu grau de importância, uma vez que para entender os fenômenos históricos devemos estar próximos da sua realidade e isso implica em uma abrangência maior no que há de comum entre os fenômenos a serem considerados, levando a uma abordagem mais abstrata e pobre do conteúdo (lei) formulado.

4 - Weber acredita na objetividade do conhecimento?

"Weber acredita que a objetividade do conhecimento científico pode ser conseguida nas ciências humanas, mas não da forma como foi colocada por outros estudiosos, entre eles o próprio Durkheim, pela importação de procedimentos das ciências da natureza. Com isso ele fez uma crítica metodológica ao tipo de racionalização que é utilizado para a elaboração do conhecimento científico. Por outro lado, fez uma crítica muito forte a inserção de valores no processo de pesquisa e análise dos fenômenos sociais. Segundo Weber a escolha do tema da pesquisa é mediado pelos valores, isto é, passa pelo crivo da avaliação pessoal, mas a consecução da pesquisa empírica não pode mais sofrer interferências de julgamentos de valor. O pesquisador deve procurar distanciar-se do objeto de pesquisa para realizar o seu trabalho livre de seus valores. Deve evitar ao máximo incluir sensações pessoais ou outros estados emocionais nos fatos observados, deve mesmo vigiar-se constantemente para evitar tais atropelos. E mesmo quando as paixões são inevitáveis e o pesquisador vê-se imbuído a fazer colocações particulares deve respeitar a todo custo um imperativo fundamental, o da imparcialidade científica." [2]
“Uma ciência empírica não pode ensinar a ninguém o que deve fazer; só lhe é dado – em certas circunstâncias – o que quer fazer. (…) Somente a partir do pressuposto de fé em valores tem sentido a intenção de defender certos valores publicamente. Porém emitir um juízo sobre a validade de tais valores é assunto da fé, e talvez também seja tarefa de uma consideração e interpretação especulativa da vida e do mundo, no tocante ao seu sentido, mas, certamente, não é tarefa de uma ciência empírica, no sentido como nós entendemos” (WEBER, 1998: 86)


5- Para Weber o que  é um tipo ideal?

De acordo com Weber, para que o sociólogo possa analisar uma dada situação social, principalmente quando se trata de generalizações, torna-se necessário criar um "TIPO IDEAL", que será um instrumento que orientará a investigação, como uma espécie de parâmetro. [3]

Um conceito ideal é normalmente uma simplificação e generalização da realidade. Partindo desse modelo, é possível analisar diversos fatos reais como desvios do ideal: Tais construções (...) permitem-nos ver  se, em traços particulares ou em seu caráter total, os fenômenos se aproximam de uma de nossas construções, determinar o grau de aproximação do fenômeno histórico e o tipo construído teoricamente. Sob esse aspecto, a construção é simplesmente um recurso técnico que facilita uma disposição e terminologia mais lúcidas [4]

Há uma certa semelhança com as ciências da natureza, onde os cientistas constroem modelos ideais para estudarem certos tipos de fenômenos, como exemplo podemos citar o "corpo negro" da física quântica.[5]




Referências:
[1]http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber#A_objetividade_do_conhecimento
[2] UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - CENTRO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS - DEPARTAMENTO DE CIENCIAS SOCIAIS – Max Weber - ALUNOS: Camila Lúcia de Lira Camelo, João Antonio Ozório de Cerqueira, Jackson Barbosa da Costa, Maria Magaly Colares, Ednael Raoni Veloso - Recife, 2007
[3] WEBER, Max - A objetividade do conhecimento na ciência social e na política in Oliveira, Paulo de Salles (org), Metodologia das Ciências Humanas, Hucitec, São Paulo, 1998
[4] http://www.cafecomsociologia.com/2010/11/tipo-ideal-de-max-weber.html Acessado em 08/04/2012
[5] (Weber,citado por Barbosa; QUINTANERO, 2002: 113)

domingo, 1 de abril de 2012

Karl Marx - O Capital (Capítulo I - A Mercadoria)

 Karl Marx - O Capital (Capítulo I - A Mercadoria)



1 - Por que em Marx tudo por ser considerado mercadoria?

Marx define mercadoria como qualquer coisa cujas propriedades podem suprir as diversas necessidades que o homem possui, independente de onde se originam tais necessidades ou como elas são saciadas, seja como objeto de consumo ou indiretamente como meio de produção. A mercadoria é “composta por dois fatores: valor de uso e valor de troca”. Valor de usou pois suas qualidades a tornam útil para satisfazer as necessidades humanas, valor de troca pois possui uma relação quantitativa, um preço, do objeto em relação à outros.[1][2]

Para Marx, tudo pode ser considerado mercadoria, desde que essa coisa possua esses dois valores descritos, podendo ser vendida ou trocada no mercado. Até “a força de trabalho é uma mercadoria”, no entanto ela “tem características peculiares: é a única que pode produzir mais riqueza do que seu próprio valor de troca.”[1][2]

2 - O que é valor de uso?


Para Marx, a base de toda sociedade humana é o processo de trabalho que consiste nos seres humanos cooperando entre si para fazer uso das forças da natureza e produzirem bens que satisfazem as suas necessidades. O produto do trabalho, no entanto, deve satisfazer algumas necessidades, ser útil e é a isso que Marx atribui o termo Valor de uso, ou seja, o valor de um produto se assenta sobre a sua utilidade específica.[3]


3 - O que é valor de troca?


Na ótica do capitalismo todos os produtos do trabalho tornam-se mercadorias que não tem apenas valor de uso, mercadorias são feitas para serem vendidas no mercado, trocadas, dessa forma cada mercadoria possui o seu valor de troca. O valor de troca consiste na “relação quantitativa, a proporção na qual valores de uso de um tipo são trocados por valores de uso de outro tipo". (O Capital vol.1).[4]


Ao contrário do valor de uso, que deve satisfazer alguma necessidade especifica, o valor de troca é simplesmente o montante, direto ou indireto pelo qual uma mercadoria poderá ser trocada por outra.

4 - Relacione o valor de uso e o valor de troca ao trabalho humano concreto e ao trabalho humano abstrato.


O Trabalho Abstrato é constituído pelo tempo gasto socialmente necessário na produção de uma mercadoria e é ele que determina seu valor de troca.


"... tanto menor o tempo de trabalho exigido para a produção de um artigo, tanto menor a massa de trabalho nele cristalizado, tanto menor o seu valor” (MARX, 1988, p. 49).


O Trabalho Concreto (ou Útil) é aquele que depende da habilidade humana  que possui um fim particular, e é o que define o valor de uso.


“No conjunto formado pelos valores-de-uso diferentes ou pelas mercadorias materialmente
distintas, manifesta-se um conjunto correspondente dos trabalhos úteis diversos, - classificáveis por ordem gênero, espécie subespécie e variedade,- a divisão social do trabalho (MARX, 1989, p.49)”. [5][6]


5 - O que Kalx Marx chama de "fetichismo da mercadoria"? 


Fetichismo é o fato de que as coisas recebem propriedades que não são delas, que são distribuídas a partir das relações da sociedade.


"O fetiche da mercadoria, postulado por Marx, opõe-se à ideia de valor de uso, refere-se unicamente à utilidade do produto. O fetiche relaciona-se à fantasia que paira sobre o objecto, projetando nele uma relação social definida, estabelecida entre os homens."[8]


6 - Qual a relação entre "fetichismo da mercadoria" e trabalho social?



Existe uma relação direta entre o fetichismo da mercadoria e o trabalho social, pois “os objetos uteis só se tornam mercadorias porque são produtos de trabalhos privados, executados de maneira independente entra os produtores, e a soma desses trabalhos privados constituem o trabalho social.[10]” Observa-se que somente há o contato social entre os produtores quando existe a troca entre seus produtos (visto que a soma dos produtos privados constituem o trabalho social), e isso mostra que as relações entre os produtores não são relações sociais entre os próprios trabalhadores, mas sim como uma relação material entre as pessoas e uma relação social entre as coisas, caracterizando o fetichismo da mercadoria.


7 - Descreva um exemplo atual que expresse o que Marx denominou de fetichismo da mercadoria


Marx mostra como o homem estava tratando as mercadorias (sapatos, bolsas, etc.), estas, que com o tempo deixaram de ser um produto estritamente humano para tornarem-se objeto de adoração, a mercadoria deixa de ter a sua utilidade atual e passa a atribuir um valor simbólico, quase que divino, o ser humano não compra o real, mas sim a transcendência 
que determinado artefato representa.[9]
Na sociedade atual diversos seriam os exemplos, mais um tipo de produto que desde outros tempos,tem um alto teor de fetichismo são as pedras preciosas; Podemos citar o diamante como sendo o exemplo mais conhecido e contundente, e como diria Marx "Enquanto valor-de-uso, nada de misterioso existe nela, quer satisfaça pelas suas propriedades as necessidades 
do homem " 




Referências Bibliográficas

[1]MARX, Karl. O Capital - Volume I. São Paulo: Nova Cultural, 1985 (Capítulo I - A Mercadoria). p 165-166


[2]QUINTANEIRO, Tania. Um toque de clássicos : Marx, Durkheim e Weber. 2.ed. ver. amp. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p 43-44



[3] [http://www.espacoacademico.com.br/038/38tc_callinicos.htm] Acessado em 30 de março de 2012


[4] [https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnxwcm9mZXNzb3JjbGF1ZGlvcGVudGVhZG91ZmFiY3xneDo3M2I2NTYzYTMzNTk4ZmE4]  Acessado em 30 de março de 2012


[5] [http://www.rascunhodigital.faced.ufba.br/ver.php?idtexto=719]  Acessado em 30 de março de 2012


[6] [http://dicasomeublog.wordpress.com/economia/valor-de-uso-valor-de-troca/]  Acessado em 30 de março de 2012


[7] [http://www.infoescola.com/filosofia/o-fetichismo-da-mercadoria-na-obra-de-karl-marx/] Acessado em 30 de março de 2012


[8] [http://marxengels.wordpress.com/fetichismo-da-mercadoria/] Acessado em 30 de março de 2012 


[9] [http://www.infoescola.com/filosofia/o-fetichismo-da-mercadoria-na-obra-de-karl-marx/]  Acessado em 01 de abril de 2012