1. INTRODUÇÃO
Há
trinta anos, Toffler (1980) lançou a ideia de que estaríamos presenciando uma
nova revolução econômica. [1]
A
primeira revolução foi a agrária e a segunda
foi a revolução industrial. A terceira revolução está ocorrendo devido ao
surgimento e avanço de novas tecnologias de informação e comunicação.
Tais
revoluções não acarretam somente o avanço das tecnologias, São responsáveis
também por modificações na sociedade para que haja a uma adequação a nova
realidade.
As
TIC (tecnologias de informação e comunicação) têm sido frequentemente utilizadas
por empresas. Alguns ramos com menor intensidade, como indústria, e em outros
com maior intensidade, como o ramo imobiliário. Porém, o objetivo é quase sempre
o mesmo: facilitar, aprimorar ou otimizar o tempo de processos rotineiros de
produção.
Nosso
principal objetivo é tentar relacionar os resultados obtidos através da
pesquisa TIC Empresas com as ideias de Karl Marx.
As principais ideias que serão abordadas são:
a força de trabalho, a divisão do trabalho social, a mais-valia relativa,
forças produtivas e propriedade privada.
2. USO DO COMPUTADOR E INTERNET
ENTRE AS EMPRESAS
Na ultima
década, ficou evidente a adoção cada vez maior de novas tecnologias de
informação e comunicação pelas empresas não só brasileiras, mas também no resto
do globo, tornando-se uma tendência mundial. Nesse escopo, a TIC age
principalmente na eliminação das barreiras que são impostas pela distância e
tempo das atividades empresariais. De forma rápida, a mudança se acelerou por todas as áreas do negócio e
da tecnologia. As distinções entre computador e comunicação desapareceram
mudando radicalmente o mundo empresarial. O computador tornou-se objeto de TIC
indispensável em uma organização [2].
<><><><><><><><><><> > |
Figura
1. Proporção de empresas que usam computadores, por porte |
Podemos notar à
partir desses dados, indícios de uma forte universalização do computador e da
Internet nas empresas brasileiras, confirmando que tais recursos são cada vez
mais indispensáveis para essas empresas.
Gráfico
2. Proporção de empresas usando a internet
segundo o tipo de atividade
|
Segundo
a CGB, “A incorporação de transações eletrônicas nos processos organizacionais,
assim como o uso de outros recursos tecnológicos, pode revelar maior nível de
integração de uma dada organização em sua cadeia de valor com impacto na
competitividade das empresas e de todo o
sistema produtivo.” [3]
Os exemplos apresentados sobre o uso
de computadores, internet e websites pelas empresas brasileiras são apenas
alguns de uma vasta variedade de outras tecnologias que vem sendo adotadas. A
competitividade é a palavra-chave que representa todo essa busca por novas
tecnologia da informação e comunicação. Com o advento das TIC, o mundo
empresarial ficou muito mais rápido, dinâmico e interligado. Facilitando
transações, troca de informações entre as organizações, reduzindo o tempo de
trabalho necessário para exercer tais atividades,
porém aumento da força produtiva –
que é resultante da combinação da força de trabalho humana com os meios de
produção, "isto é, instrumentos e objetos de trabalho, tais como tecnologia, incluindo infraestrutura, ferramentas, máquinas, técnicas, materiais, conhecimento técnico, e terra e os demais recursos naturais". [4]
Analisando esse fenômeno sob a ótica
marxista, podemos afirmar que o capitalista teria a tecnologia como caminho
para aumentar a produtividade no processo produtivo e essa forma de reduzir o
tempo de trabalho nas atividades seria uma forma de se extrair a chamada mais-valia
relativa, o quantum de valor que é gerado pelo trabalho do
trabalhador além do valor referente ao seu sustento e reprodução.[5]
A tecnologia encurta o tempo de
trabalho, mas o capitalista não diminui a jornada de trabalho, a mantém. A
tecnologia facilita o trabalho enquanto o capitalista o intensifica. A cada
nova inovação tecnológica têm-se uma vitória do homem sobre as forças da
natureza, mas é o homem que trabalha para os detentores dos meio de produção
que é submetido a mais trabalho, aumentando a riqueza do produtor. [6]
Dessa forma a tecnologia
potencializa a produção da mais-valia relativa. O aumento da produtividade que
ela proporciona às organizações empresariais desvaloriza diretamente a força de
trabalho e indiretamente os preços do produto final (que é também objeto de
consumo do trabalhador). Com a diminuição do preço das mercadorias, o
capitalista passa a trocar cada vez menos produto por força de trabalho, o que
implica que o trabalhador trabalhará um período menor de sua jornada de
trabalho para cobrir os custos de sua “sobrevivência”, aumentado assim a
parcela de trabalho excedente na produção que será explorado, constituindo a
mais-valia do capitalista, em sua forma relativa. [7]
3.
A PROPRIEDADE
PRIVADA OU SOFTWARE LIVRE, O USO DA MAIS VALIA COM A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES LIVRES
O uso de computadores
em grandes e médias empresas este totalmente disseminado, já é uma realidade a
utilização de computadores para diversas funções, quantas destas empresas usam
software livres. Com os dados da Pesquisa TIC e a uma interpretação Marxista
dos fatos, iremos mostrar alguns fatos que podem mostram influência do
crescimento da utilização de softwares livres.
Software
Livre, software de código aberto ou software aberto é qualquer programa de
computador cujo código-fonte deve ser disponibilizado para permitir o uso, a
cópia, o estudo e a redistribuição. [8] O crescente uso destes softwares é uma
diminuição do custo de uma produção e a detenção de saber exatamente o que o
programa que as empresas utilizam, podendo futuramente fazer modificações os
adequado as suas necessidades específicas. Dados da pesquisa mostram que existe
um aumento na utilização do mesmo como visto no gráfico abaixo.
Figura 3 –
Proporção
de empresas que utilizam sistema operacional de código aberto
|
Para
as grandes e médias empresas, as que mais utilizam os softwares livres, ter um
setor específico que cuida da utilização e manutenção e atualização dos
softwares utilizados não é um grande gasto, mas para as pequenas empresas, é um
grande gasto.
Os
dados apontam para um crescimento na utilização dos softwares livres nos
últimos anos da pesquisa, ocorrido somente nas médias e pequenas empresas. Onde
as empresas de grande porte já mantinham um patamar elevado em relação às
médias e pequenas empresas e quase não cresceram.
A
importância dos dados apontados mostra a uma busca por uma contenção de
despesas por meio desta utilização, tornando-os as empresas de pequeno e médio
porte mais competitivas.
4. A
Terceirização como forma de aumento da mais valia
A
terceirização é uma prática que visa redução de custo e aumento da qualidade da
mão de obra ou serviço determinado. Atualmente, esta técnica vem sendo
utilizada em grandes, médias e até mesmo pequenas corporações como forma de
concentrar suas atividades nas atividades-fim por meio da contratação de um
trabalhador ou serviço que será gerenciado por outra empresa gerando benefícios
a empresa contratante como:
-Eliminação da necessidade de se especializar
em uma atividade que não é a principal da empresa;
- Diminuição de custos com a manutenção do
trabalhador ou serviço;
- Foco na melhoria das atividades;
O
processo de terceirização vem sendo observado desde o período da manufatura
onde, segundo Marx, existe a cooperação baseada na divisão do trabalho. “A manufatura destaca-se como um método que
propicia aos donos dos meios de produção extrair mais valor da força de
trabalho, na contemporaneidade, a terceirização assume papel similar. A
novidade estaria em quem realiza o trabalho coletivo, pois em qualquer um dos
métodos de organização do trabalho, os ganhos com a redução de custos e
oriundos da intensificação da produtividade nunca foram olvidados."
(SANCHES, 2011).[8]
Inicialmente
sendo necessária a reunião de todos os funcionários terceirizados sobre uma
mesma planta fabril, esse processo foi quebrado no século XX graças a
tecnologia e as redes informacionais que permitem o controle a distância de
atividades e processos facilitando a comunicação e diminuindo a necessidade de
espaços físicos gigantescos para a produção. Segundo a pesquisa TIC Empresas,
“97% das empresas dos mercados de
atuação monitorados pela pesquisa, declaram usar computadores , sendo que nas empresas com 50
funcionários ou mais esse índice é de 100%” (como mostra a figura 2).
A terceirização descentraliza a
classe trabalhadora, posiciona os funcionários distantes um do outro porém
sempre subordinados a empresa contratada e a algum funcionário da empresa
contratante que monitora os trabalhos a partir de relatórios e outros documentos
deixando assim clara a relação de submissão do trabalhador. Ainda assim, este processo consegue ser
similar a manufatura pois com os funcionários “orgânicos” da empresa que
ganhavam uma quantia “x” foram substituídos pelos terceirizados que ganham uma
quantia “x-y”. [9]
Segundo Sanchez (2006) “Constitui-se assim um diferencial de
caráter político, pois o trabalhador terceirizado não vende mais sua força de
trabalho diretamente ao demandante e principal controlador da atividade que
realiza. Sua relação de subordinação e conflito é mediada por outro
capitalista, o que implica, dentre outros aspectos, em uma maior fragmentação
da classe em si e, consequentemente em maiores dificuldades de percepção da
classe para si”.
5.
Conclusão
Analisando a parte de empresas da Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comuncação no Brasil: TIC domicílios e TIC empresas 2010 através da ótica de Karl Marx vimos que, apesar de algumas mudanças nas formas de trabalho do´ éculo XIX pas de hoje, muitos aspectos analisados por Marx ainda se mantêm.
No século XXI, o trabalho estava associado ao artesanato, à agricultura e, depois, com a Revolução Industrial, a manufatura. Atualmente, além das frmas de trabalho presentes no século XIX, também há o trabalho associado à transmissão e tratamento da informação e comunicação, onde encontramos as TIC.
Conluí-se que mesmo com as mudanças citadas, as teorias de Marx ainda podem ser aplicadas ao sécnulo XXI. As características do Capitalismo descritas por Marx continuam vigentes: acúmulo de riquezas, as relações de trabalho, o aumento das forças produtivas para gerar a mais-valia, etc.
6.
Referências Bibliográficas
[1] Comitê Gestor de Internet. Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da
comunicação no Brasil: TIC domicílios e TIC empresas 2010. São Paulo.
[2]
Tecnologia da Informação [acesso em 23/04/2012]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia_da_informa%C3%A7%C3%A3o
[3] Comitê Gestor de Internet. Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da
comunicação no Brasil: TIC domicílios e TIC empresas 2010. São Paulo.
[4] Forças Produtivas [acesso
em 20/04/2012]. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7as_produtivas
[5] MARX, Karl. O Capital:
crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1985a. Vol. I,
livro primeiro, tomo 1. (Os Economistas).
[6] [4] MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política.
São Paulo: Nova Cultural, 1985b. Vol. I, livro primeiro, tomo 2. (Os
Economistas).
[7] SOUSA, Cidoval Morais de; GOMES, Geovane Ferreira; HAYASHI,
Maria Cristina
Piumbato Innocentini. A concepção da tecnologia em O Capital de
Marx. In: SIMPÓSIO
NACIONAL DE TECNOLOGIA E SOCIEDADE, 2009, Curitiba.
8] Software Livre [acesso em 23/04/2012]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Software_livre - acessado
8] Software Livre [acesso em 23/04/2012]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Software_livre - acessado
[9] Sanches, A. T. Terceirização e terceirizados no setor
bancário: relações de empredo, condições de trabalho e aão sindical.
Dissertação (Mestrado). São Paulo: PUC, 2006.
[10] Dossiê Terceirização.
Revista HSM Management, nº42, jan-fev, 2004
Nenhum comentário:
Postar um comentário