sexta-feira, 27 de abril de 2012

Análise Sociológica - TIC Empresas

1. INTRODUÇÃO




Há trinta anos, Toffler (1980) lançou a ideia de que estaríamos presenciando uma nova revolução econômica. [1]
A primeira revolução foi a agrária e a segunda  foi a revolução industrial. A terceira revolução está ocorrendo devido ao surgimento e avanço de novas tecnologias de informação e comunicação.
Tais revoluções não acarretam somente o avanço das tecnologias, São responsáveis também por modificações na sociedade para que haja a uma adequação a nova realidade.
As TIC (tecnologias de informação e comunicação) têm sido frequentemente utilizadas por empresas. Alguns ramos com menor intensidade, como indústria, e em outros com maior intensidade, como o ramo imobiliário. Porém, o objetivo é quase sempre o mesmo: facilitar, aprimorar ou otimizar o tempo de processos rotineiros de produção.
Nosso principal objetivo é tentar relacionar os resultados obtidos através da pesquisa TIC Empresas com as ideias de Karl Marx.
 As principais ideias que serão abordadas são: a força de trabalho, a divisão do trabalho social, a mais-valia relativa, forças produtivas e propriedade privada.

 2. USO DO COMPUTADOR E INTERNET ENTRE AS EMPRESAS






Na ultima década, ficou evidente a adoção cada vez maior de novas tecnologias de informação e comunicação pelas empresas não só brasileiras, mas também no resto do globo, tornando-se uma tendência mundial. Nesse escopo, a TIC age principalmente na eliminação das barreiras que são impostas pela distância e tempo das atividades empresariais. De forma rápida, a mudança  se acelerou por todas as áreas do negócio e da tecnologia. As distinções entre computador e comunicação desapareceram mudando radicalmente o mundo empresarial. O computador tornou-se objeto de TIC indispensável em uma organização [2].
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Uma pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil – “TIC Domicílio e Empresas 2010: Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil” (Figura 1) - divulgou que no ano de 2010, 97% das empresas monitoradas pela pesquisa declaram utilizar computadores, sendo que nas empresas de grande porte (50 funcionários ou mais) esse índice é de 100%. A mesma pesquisa também aponta que nesse mesmo ano, 89% das empresas brasileiras utilizaram a internet para interagir com instituições governamentais nos doze meses anteriores à pesquisa.

Figura 1. Proporção de empresas que usam
computadores, por porte

Podemos notar à partir desses dados, indícios de uma forte universalização do computador e da Internet nas empresas brasileiras, confirmando que tais recursos são cada vez mais indispensáveis para essas empresas.
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  Outro dado interessante disponibilizado pelo CGB, está relacionada com a adoção de websites por essas empresas (Figura 2). Em 2007, 46% das organizações monitoradas possuem um domínio próprio na internet, passando para 56% no ano de 2010. O mesmo aumento ocorre quando analisamos somente as empresas de grande porte: a porcentagem de empresas subiu de 80% para 90% nesse mesmo período. Ou seja, em ambos casos temos um aumento significativo de 10% e mesmo nas empresas “grandes” que já possuíam uma proporção alta, esse valor subiu ainda mais.



Gráfico 2. Proporção de empresas usando a internet
 segundo o tipo de atividade

Segundo a CGB, “A incorporação de transações eletrônicas nos processos organizacionais, assim como o uso de outros recursos tecnológicos, pode revelar maior nível de integração de uma dada organização em sua cadeia de valor com impacto na competitividade das  empresas e de todo o sistema produtivo.” [3]
            Os exemplos apresentados sobre o uso de computadores, internet e websites pelas empresas brasileiras são apenas alguns de uma vasta variedade de outras tecnologias que vem sendo adotadas. A competitividade é a palavra-chave que representa todo essa busca por novas tecnologia da informação e comunicação. Com o advento das TIC, o mundo empresarial ficou muito mais rápido, dinâmico e interligado. Facilitando transações, troca de informações entre as organizações, reduzindo o tempo de trabalho necessário para exercer tais atividades, porém aumento da força produtiva – que é resultante da combinação da força de trabalho humana com os meios de produção, "isto é, instrumentos e objetos de trabalho, tais como tecnologia, incluindo infraestrutura, ferramentas, máquinas, técnicas, materiais, conhecimento técnico, e terra e os demais recursos naturais". [4]
            Analisando esse fenômeno sob a ótica marxista, podemos afirmar que o capitalista teria a tecnologia como caminho para aumentar a produtividade no processo produtivo e essa forma de reduzir o tempo de trabalho nas atividades seria uma forma de se extrair a chamada mais-valia relativa, o quantum de valor que é gerado pelo trabalho do trabalhador além do valor referente ao seu sustento e reprodução.[5]
            A tecnologia encurta o tempo de trabalho, mas o capitalista não diminui a jornada de trabalho, a mantém. A tecnologia facilita o trabalho enquanto o capitalista o intensifica. A cada nova inovação tecnológica têm-se uma vitória do homem sobre as forças da natureza, mas é o homem que trabalha para os detentores dos meio de produção que é submetido a mais trabalho, aumentando a riqueza do produtor. [6]
            Dessa forma a tecnologia potencializa a produção da mais-valia relativa. O aumento da produtividade que ela proporciona às organizações empresariais desvaloriza diretamente a força de trabalho e indiretamente os preços do produto final (que é também objeto de consumo do trabalhador). Com a diminuição do preço das mercadorias, o capitalista passa a trocar cada vez menos produto por força de trabalho, o que implica que o trabalhador trabalhará um período menor de sua jornada de trabalho para cobrir os custos de sua “sobrevivência”, aumentado assim a parcela de trabalho excedente na produção que será explorado, constituindo a mais-valia do capitalista, em sua forma relativa. [7]

3.    A PROPRIEDADE PRIVADA OU SOFTWARE LIVRE, O USO DA MAIS VALIA COM A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES LIVRES


O uso de computadores em grandes e médias empresas este totalmente disseminado, já é uma realidade a utilização de computadores para diversas funções, quantas destas empresas usam software livres. Com os dados da Pesquisa TIC e a uma interpretação Marxista dos fatos, iremos mostrar alguns fatos que podem mostram influência do crescimento da utilização de softwares livres.

            Software Livre, software de código aberto ou software aberto é qualquer programa de computador cujo código-fonte deve ser disponibilizado para permitir o uso, a cópia, o estudo e a redistribuição. [8] O crescente uso destes softwares é uma diminuição do custo de uma produção e a detenção de saber exatamente o que o programa que as empresas utilizam, podendo futuramente fazer modificações os adequado as suas necessidades específicas. Dados da pesquisa mostram que existe um aumento na utilização do mesmo como visto no gráfico abaixo.
Figura 3 – Proporção de empresas que utilizam sistema operacional de código aberto

Para as grandes e médias empresas, as que mais utilizam os softwares livres, ter um setor específico que cuida da utilização e manutenção e atualização dos softwares utilizados não é um grande gasto, mas para as pequenas empresas, é um grande gasto.

Os dados apontam para um crescimento na utilização dos softwares livres nos últimos anos da pesquisa, ocorrido somente nas médias e pequenas empresas. Onde as empresas de grande porte já mantinham um patamar elevado em relação às médias e pequenas empresas e quase não cresceram.

A importância dos dados apontados mostra a uma busca por uma contenção de despesas por meio desta utilização, tornando-os as empresas de pequeno e médio porte mais competitivas.



     4. A Terceirização como forma de aumento da mais valia






A terceirização é uma prática que visa redução de custo e aumento da qualidade da mão de obra ou serviço determinado. Atualmente, esta técnica vem sendo utilizada em grandes, médias e até mesmo pequenas corporações como forma de concentrar suas atividades nas atividades-fim por meio da contratação de um trabalhador ou serviço que será gerenciado por outra empresa gerando benefícios a empresa contratante como:

-Eliminação da necessidade de se especializar em uma atividade que não é a principal da empresa;
            - Diminuição de custos com a manutenção do trabalhador ou serviço;
            - Foco na melhoria das atividades;


O processo de terceirização vem sendo observado desde o período da manufatura onde, segundo Marx, existe a cooperação baseada na divisão do trabalho. “A manufatura destaca-se como um método que propicia aos donos dos meios de produção extrair mais valor da força de trabalho, na contemporaneidade, a terceirização assume papel similar. A novidade estaria em quem realiza o trabalho coletivo, pois em qualquer um dos métodos de organização do trabalho, os ganhos com a redução de custos e oriundos da intensificação da produtividade nunca foram olvidados." (SANCHES, 2011).[8]

Inicialmente sendo necessária a reunião de todos os funcionários terceirizados sobre uma mesma planta fabril, esse processo foi quebrado no século XX graças a tecnologia e as redes informacionais que permitem o controle a distância de atividades e processos facilitando a comunicação e diminuindo a necessidade de espaços físicos gigantescos para a produção. Segundo a pesquisa TIC Empresas, “97%      das empresas dos mercados de atuação monitorados pela pesquisa, declaram usar computadores          , sendo que nas empresas com 50 funcionários ou mais esse índice é de 100%” (como mostra a figura 2).

            A terceirização descentraliza a classe trabalhadora, posiciona os funcionários distantes um do outro porém sempre subordinados a empresa contratada e a algum funcionário da empresa contratante que monitora os trabalhos a partir de relatórios e outros documentos deixando assim clara a relação de submissão do trabalhador.  Ainda assim, este processo consegue ser similar a manufatura pois com os funcionários “orgânicos” da empresa que ganhavam uma quantia “x” foram substituídos pelos terceirizados que ganham uma quantia “x-y”. [9]

            Segundo Sanchez (2006) “Constitui-se assim um diferencial de caráter político, pois o trabalhador terceirizado não vende mais sua força de trabalho diretamente ao demandante e principal controlador da atividade que realiza. Sua relação de subordinação e conflito é mediada por outro capitalista, o que implica, dentre outros aspectos, em uma maior fragmentação da classe em si e, consequentemente em maiores dificuldades de percepção da classe para si”.


5.   Conclusão
      
           Analisando a parte de empresas da Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comuncação no Brasil: TIC domicílios e TIC empresas 2010 através da ótica de Karl Marx vimos que, apesar de algumas mudanças nas formas de trabalho do´ éculo XIX pas de hoje, muitos aspectos analisados por Marx ainda se mantêm.
        No século XXI, o trabalho estava associado ao artesanato, à agricultura e, depois, com a Revolução Industrial, a manufatura. Atualmente, além das frmas de trabalho presentes no século XIX, também há o trabalho associado à transmissão e tratamento da informação e comunicação, onde encontramos as TIC.
       Conluí-se que mesmo com as mudanças citadas, as teorias de Marx ainda podem ser aplicadas ao sécnulo XXI. As características do Capitalismo descritas por Marx continuam vigentes: acúmulo de riquezas, as relações de trabalho, o aumento das forças produtivas para gerar a mais-valia, etc.

6.   Referências Bibliográficas
[1] Comitê Gestor de Internet. Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação no Brasil: TIC domicílios e TIC empresas 2010. São Paulo.
[2] Tecnologia da Informação [acesso em 23/04/2012]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia_da_informa%C3%A7%C3%A3o
[3] Comitê Gestor de Internet. Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação no Brasil: TIC domicílios e TIC empresas 2010. São Paulo.
[4] Forças Produtivas [acesso em 20/04/2012]. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7as_produtivas
[5]  MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1985a. Vol. I, livro primeiro, tomo 1. (Os Economistas).
[6] [4] MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1985b. Vol. I, livro primeiro, tomo 2. (Os Economistas).
[7] SOUSA, Cidoval Morais de; GOMES, Geovane Ferreira; HAYASHI, Maria Cristina
Piumbato Innocentini. A concepção da tecnologia em O Capital de Marx. In: SIMPÓSIO
NACIONAL DE TECNOLOGIA E SOCIEDADE, 2009, Curitiba.



8]  Software Livre [acesso em 23/04/2012]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Software_livre  - acessado
[9] Sanches, A. T. Terceirização e terceirizados no setor bancário: relações de empredo, condições de trabalho e aão sindical. Dissertação (Mestrado). São Paulo: PUC, 2006.
 [10] Dossiê Terceirização. Revista HSM Management, nº42, jan-fev, 2004

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