domingo, 4 de março de 2012

Émile Durkheim - Parte 2

Questão 1 : O que são julgamentos de valor?

Os julgamentos de valor ou também chamados juízos de valor, exprimem para Durkeim, o valor que as coisas ou fatos têm para nós como indivíduos ou coletividade. Todo o julgamento que expõe uma avaliação é um julgamento de valor, de maneira que os valores que são ressaltados são independentes do sujeito. Podemos exemplificar: quando alguém diz que a Bíblia possui grande valor religioso, mesmo se essa pessoa for ateísta,  nada lhe impede de reconhecer o valor religioso que esse objeto possui, tal valor existe independente do indivíduo.[1]
Durkheim distingue dois tipos de valores: os valores ideais (morais, estéticos e religiosos) e os valores materiais (econômicos). Os dois tipos de valores possuem alguma objetividade: o dinheiro, por exemplo, tem objetividade material, como uma crença religiosa tem objetividade social. No entanto, os valores ideais têm uma qualidade adicional: sua desejabilidade. Trata-se de algo valioso que todos almejam além de sua simples materialidade. [2]

Questão 2 : O que são julgamentos de realidade?
            Julgamentos de realidade são julgamentos que se limitam a exprimir determinados fatos, sem atribuir um valor que lhe pertença, mostrando somente o estado do sujeito. Podemos citar como exemplo o seguinte: quando falamos sobre o que gostamos (gosto de laranja), ou sobre as nossas preferências (prefiro cachorro a gato) estamos emitindo um julgamento de realidade, pois emitimos uma opinião sobre o fato, mas não conseguimos colocar nele um valor (qualidade ou defeito) que, todas as vezes que alguém citar o mesmo gosto, ou a mesma preferência, vai citar necessariamente o mesmo valor[1].

Questão 3 : Qual a relação entre julgamentos de realidade e julgamentos de valor?
            Ambos os julgamentos apresentam a mesma natureza (colocar em ação os ideais) e precisam de uma prerrogativa inicial para ocorrer. Só conseguimos exprimir nossas preferências e gostos porque assumimos uma série de outros ideais, de valores, que são impostos pelo meio em que se vive.   

Questão 4 : O que os julgamentos de realidade têm a ver com a Ciência Positiva?

            Assim como na Ciência Positiva, os Julgamentos de Realidade deve ser feito de maneira impessoal. Ou seja, no momento da análise tanto as preferências quanto opiniões devem extraídas, restando somente os fatos como objetos de análise.

Questão 5 : O que é moral para Durkheim ?

Moral é tudo o que é fonte de solidariedade, tudo o que força o indivíduo a contar com seu próximo, a regular seus movimentos com base em outra coisa que não os impulsos de seu egoísmo, e a moralidade é tanto mais sólida quanto mais numerosos e fortes são estes laços[3]. O fato moral se distingue de todos os outros fatos, porque comporta a enumeração do que deve ser, enquanto os outros fatos significam simplesmente o que é.

"A Moral é a ciência dos costumes"

A moral consiste em “um sistema de normas de conduta que prescrevem como o sujeito deve  conduzir-se  em  determinadas  circunstâncias”[4].

A idéia básica é que a moral deva ser uma regra determinante da conduta, fixando o comportamento de forma a reduzir o arbítrio individual, além de estabelecer a regularidade de hábitos em condições determinadas. Essa regularidade atuaria mediante a autoridade moral, sendo que juntas comporiam o espírito de disciplina, a primeira disposição fundamental de todo temperamento moral, considerado o primeiro elemento da moralidade e fator sui generis na educação. Associada à idéia do condicionamento da moralidade, Durkheim argumenta sobre a necessidade humana de interessar-se por algo distinto de si mesmo mediante o vínculo com grupos sociais e a devida solidariedade a estes. Esse vínculo social é considerando o segundo elemento da moralidade. Uma moralidade compreendida como uma mescla de razão e sentimentos, um dualismo entre a autonomia e a heteronomia, uma natureza marcada pela vontade arrazoada e a obrigação. Para Durkheim não há no homem uma unicidade de razão que lhe permita ter uma autonomia plena de sua vontade. Entretanto, considerava a autonomia da vontade o terceiro elemento da moralidade[5].

Questão 6 : O valor moral da sociedade equivale a soma dos valores morais individuais?

Sim, para Durkheim o valor da sociedade é moldado pela maioria dos valores individuais, ou seja, o que é julgado ser certo pela maioria de um povo torna-se certo perante aquela sociedade, tornando assim os valores morais objetivos sobre essa óptica. Além disso, ao convencionar-se determinado padrão como certo a sociedade em geral exerce pressão sobre aqueles que têm valores morais diferentes fazendo com que estes se tornem diferenciados no ponto em questão, oprimindo assim os valores morais individuais.

Questão 7 : Quais os valores podemos dar da visão Durkheimeana da relação entre a moral e a sociedade ?


           Primeiro vamos relembrar que segundo a visão Durkheimeana existe uma consciência coletiva da sociedade que coage e exerce uma pressão sobre cada indivíduo no que diz respeito a conceitos morais e costumes, ou seja, as questões morais de um indivíduo são influenciadas diretamente pela sociedade em que ele está inserido, e não compete a sociologia julgar se esses conceitos são corretos ou justos;  Alguns bons exemplos que foram dados em sala de aula pelo Professor Sérgio Amadeu exemplificam a visão durkheimeana da relação entre moral e sociedade. Um dos temas citados foi a moral existente em alguns países árabes de que a mulher deve usar véu ou burca , ao contrário do Brasil e dos  países ocidentais onde essa prática é considerada estranha ou talvez até inaceitável.  Outro exemplo bem marcante é o da chegada dos portugueses ao Brasil, onde eles encontraram  indígenas que conviviam em estado de nudez, algo que foi chocante para os colonizadores,  que tentaram a todo custo mudar essa prática e implantarem o seu modo de vida. Fica claro nesses exemplos que cada sociedade tem uma visão diferente do comportamento moral de cada indivíduo.



Referências Bibliográficas


[1] DURKHEIM, Émile. Émile Durkheim: sociologia. São Paulo: Editora Ática, 1984. Coleção Grandes Cientistas Sociais. (Capítulos: Julgamentos de valor e Julgamentos de realidade).

[2] FREITAG, Bárbara. Itinerários de Antígona: a questão da moralidade. Campinas, SP: Papirus, 1992. 121p.

[3] DURKHEIM, Émile. Émile Durkheim: Da divisão do trabalho social. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010. 338p.

[4] QUINTANEIRO, Tania. Um toque de clássicos : Marx, Durkhein e Weber. 2.ed. ver. amp. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. 89p.

[5] DURKHEIM, Émile. La educación moral. Tradução José Taberner Guasp e Antonio Bolívar Botía. Madri: Trota, 2002






                                          

Nenhum comentário:

Postar um comentário